Fé Cristã
- Ignatyus Arkadel
- Nov 5, 2016
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Fé Cristã
Desde a sete séculos, a fé cristã tem sido o pilar religioso mais importante do mundo. Toma nome e encontra sua base no Messias Abel, o filho de Deus, que chegou ao mundo em uma era de terror e escuridão para salvar os homens deles mesmos e lhes mostrar o caminho que deviam seguir. Abel guiou a humanidade, ensinando a palavra do Deus Pai, o qual a muito tempo foi esquecido. Tomando seus preceitos como lei divina, ao redor de sua imagem se formaram uma série de tradições e ritos que em seu conjunto constituem na atualidade a fé cristã.
Se trata de uma religião monoteísta, sustentada no conceito de que existe um único Deus criador, que vela pela humanidade e trata de nos guiar pelo caminho correto. Suas premissas são o amor, a justiça e o amparo do homem, assegurando que mesmo os que não tem nada podem encontrar um lugar privilegiado nos céus.
Ao longo da história, o cristianismo absorveu tradições e princípios de outras religiões, os unificando sob uma só Igreja. Muitos deuses menores foram convertidos em anjos de Deus, assim como heróis de outras culturas foram pelo menos santificados como fervorosos devotos. Com uma diversidade tão ampla de fontes e mais de cinqüenta milhões de devotos em toda Gaïa, existe uma grande variedade de crenças e princípios religiosos que variam consideravelmente de um lugar a outro. Ainda assim, todas elas se regem sobre três pilares básicos, que formam a espinha dorsal da Igreja.
Um Só Deus
Só há um único Deus, um ser supremo, todo poderoso e eterno que existe por sua vez como três diferentes facetas; o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Os três são uma unidade mas, ao mesmo tempo, também entidades diferentes. É o criador do universo e do homem, a quem deu sua imagem e semelhança.
Fé e Salvação
O sacrifício e a salvação do Messias são um reflexo do amor que Deus professa pela humanidade, a qual lhe deu o maior dos dons: o livre arbítrio. Os homens devem se amar uns aos outros e, com seus atos e sua fé, encontrar a salvação e um lugar nos céus. A misericórdia, a bondade e o perdão são o caminho que devem seguir.
Os Escolhidos
O povo escolhido por Deus é o do homem, e seu dever é combater contra aquilo que ameace a ele ou a sua fé. Deve lutar contra a injustiça e, se é necessário, inclusive punir a si mesmo.
A religião cristã é muito rica em simbologia, já que cada ramificação ou vertente possui diferentes emblemas diferentes. Entretanto, seu símbolo universal é sem dúvida a cruz, como representação do sacrifício que Cristo cometeu pelo homem, os guiando para a salvação. Outro elemento indispensável é a Bíblia, o livro sagrado escrito por alguns dos Apóstolos, no qual se narram os atos do Messias e as histórias relatadas por este.
A Igreja Cristã
A Igreja de Abel ou 'Igreja Cristã' tem sido durante os últimos sete séculos a única organização religiosa oficial em todo o Império, pelo qual as pessoas se referem a ela simplesmente como a Igreja. Tem como meta promover a fé no Messias, assim como assegurar de que sua palavra chegue até todos os confins do mundo. Apesar de que essa seja sua função principal, também se ocupa de muitos outros deveres importantes relacionados com a caridade e a beneficência. Habitualmente, é a principal encarregada da criação de hospitais e orfanatos, prestando ajuda aos pobres e necessitados.
A Igreja foi criada pelo próprio Messias, mas não foi até o nascimento do Sacro Santo Império que esta obteria verdadeira força e relevância em Gaïa. Desde então, seu poder e influência foram crescendo, até se converter não só na organização religiosa mais importante, mas também em uma das forças mais relevantes de todo o mundo. Tem uma grande presença na maioria das nações, e inclusive pode desestabilizar o poder de qualquer país. Sua economia se baseia principalmente nos dízimos procedentes de devotos de todos os confins do mundo, ainda que também possui valiosas propriedades e empresas, o que lhe proporciona um enorme poder econômico.
Títulos Eclesiásticos
A Igreja ostenta de uma complexa estrutura de poder, desenvolvida durante seus sete séculos de absoluto predomínio. Os títulos mais comuns dentro de seu seio são:
• Sacro Sumo Pontífice: Este é o título que recebe a cabeça da Igreja no mundo, o qual se equipara sempre ao de Sacro Santo Imperador. Faz pouco mais de trinta anos sempre esteve ligado a família Giovanni, mas atualmente recai na jovem Elisabetta Barbados. Um grande setor da Igreja não a reconheceu ainda como tal.
• Sumo Arcebispo: O Sumo Arcebispo é o delegado do Imperador em assuntos eclesiásticos e, na prática, o verdadeiro senhor da Igreja. Sua palavra tem o mesmo poder que a do Sacro Sumo Pontífice em assuntos espirituais, o considerando o máximo intérprete da palavra de Deus. Sua nomeação é promovida pelo Conselho de Cardeais e ratificada pelo Imperador. Na atualidade, o título de Sumo Arcebispo recai em um homem chamado Magnus, ainda que sua nomeação não foi confirmada oficialmente por Elisabetta.
• 13º Cardeal: Também chamado O Cardeal na Sombra, seu poder é equivalente ao dos outros doze, salvo pelo fato de que controla a Inquisição e resolve os conflitos internos da própria Igreja. Sua identidade geralmente permanece no anonimato, para assegurar assim sua correta atuação.
• Cardeais: Os cardeais são os bispos mais importantes, sobre os quais recai o dever de controlar os territórios que anteriormente pertenceram aos Reinos Santos e o Novo Continente. Respondem apenas ao Sumo Arcebispo e podem se reunir para formar o Conselho de Cardeais. Seu número é limitado a doze, em representação dos Apóstolos de Cristo.
• Bispos: Os dirigentes eclesiásticos dos principados. Existe um para cada nação de Gaïa, ainda que, desde a dissolução do Império, seu número se reduziu a vinte e três. As mulheres não podem ascender a este título.
• Inquisidores: Constituem o corpo dos agentes especiais da Igreja, encarregados de caçar e destruir bruxos e demônios. Os inquisidores respondem apenas ao 13º Cardeal, mas são situados abaixo dos bispos na estrutura de poder da Igreja. Ao contrário dos outros religiosos, não são presos pelo voto de castidade, ainda que lhes seja proibido formarem famílias. Alguns deles recebem o título de Alto Inquisidor por suas grandes habilidades e predomínio sobre os demais.
• Prelados: Delegados bispais cuja função consiste em se assegurar de que os nobres não atuem contra os interesses da Igreja. Só existem em um pequeno número de países.
• Diáconos: São os encarregados das distintas diocésis dentro dos principados. Seu número costuma oscilar entre dez e trinta, dependendo do tamanho e importância de cada nação. As monjas podem ascender ao título de diácono, adotando o nome de Sagrada Mãe.
• Sacerdotes: Os encarregados de celebrar as missas e velar diretamente pela fé de cada comunidade. Cada um tem sob seu cuidado uma Igreja (ainda que as maiores podem depender de dois ou três de vez). Em toda Gaïa pode ter mais de dez mil sacerdotes ordenados pela Igreja. As mulheres não podem ascender a este título.
• Padres / Monjas: São os membros consagrados da Igreja que não receberam o sacramento da celebração das missas. Se ocupam de cuidarem de monastérios e outros deveres importantes. Em Gaïa teria ao redor de quinze mil padres e monjas.
• Seminaristas: Aspirantes a padres ou sacerdotes, os seminaristas são estudantes que ainda não terminaram seus votos, mas já formam parte da estrutura da Igreja.
As Ramificações Religiosas
Desde a três séculos vem surgindo algumas discrepâncias na interpretação das doutrinas cristãs, criando assim ramificações dentro da fé. Todas elas seguem formando parte da Igreja, que as admite como diversas vertentes da palavra de Deus. Além da concepção ortodoxa, que é a que pratica um maior número de cristãos, existem outras três grandes ramificações religiosas.
Os Liberus (conhecidos popularmente como liberais) opinam que, se pelo fato o cristianismo é a única religião verdadeira, a Igreja não tem direito de impor seu credo sobre as pessoas, já que assim cortaria o livre arbítrio do qual Deus nos deu. Pelo contrário, cada qual é livre de professar ou não as crenças que preferir; o dever da Igreja é lhe fazer ver qual é o caminho correto, mas nunca o impondo. Naturalmente, seus partidários estão encantados com o edito imperial sobre liberdade religiosa, e apoiam Elisabetta como uma reformista iluminada.
A seguinte é a chamada facção de O Salvador, que baseia toda sua concepção em que a volta de Cristo está próxima e o homem deve mudar para sua chegada. Enquanto tiver um só infiel ou alguém que não cumpra por completo a palavra do Senhor, o Messias não voltará entre nós. Em consequência com estes preceitos, é a ramificação mais radical da Igreja, e o principal impulso para entrar em guerra com os estados separatistas, como Kushistân.
Finalmente estão os animistas, aqueles que opinam que a fé pura é o único caminho para a salvação. Enquanto uma pessoa tiver verdadeira fé, não importa quais sejam seus atos; sempre que estes não vão de contra os princípios fundamentais de Deus, sua fé poderá lhes levar a salvação. É uma concepção muito comum na Costa do Comércio, aonde os burgueses a acham libertadora.
A Divisão
Após a queda do Império, a Igreja está enfrentando a maior crise interna de sua história, pois seu próprio seio ficou partido em dois. Se bem todos seguem considerando parte de uma só entidade, é inegável que existe uma separação mais que patente. Assim como uma parte da Igreja não aceitou publicamente a nomeação de Elisabetta Barbados como senhora do Império, outros não crêem que o Conselho de Cardeais tenha suficiente poder para escolher um Sumo Arcebispo. Deste modo, a Igreja tem duas cabeças na atualidade: por um lado a Imperatriz e seus partidários, e pelo outro o Sumo Arcebispo Magnus e os seus.
A maioria dos sacerdotes simplesmente evitam entrar no tema, preferindo ignora-lo a espera de que os altos cargos encontrem uma solução pacífica. Infelizmente, até o momento não se deu nenhum passo favorável para a unificação, o que é algo cada vez mais conflitivo.
Cerimônias Cristãs
A base das cerimônias cristãs é a missa. Todos os crentes tem a obrigação de visitar semanalmente a Igreja mais próxima sempre que lhes for possível, para escutar a palavra de Deus e vigiar qualquer pecado que possam ter cometido. Entretanto, também há muitas outras tradições e festividades, que variam notóriamente de um lugar a outro. As celebrações mais conhecidas são a Noite de Bendição, os dias nos quais Abel apareceu pela primeira vez no mundo, e Sanctus, nos quais se recorda como morreu na cruz para salvar o homem.
A Igreja e o Sobrenatural
Para a religião cristã, as forças sobrenaturais são as raízes do mal, poderes obscuros que o diabo proporciona ao homem para perverter seu coração e o arrastando ao inferno. Segundo a Igreja, é uma força puramente maléfica que penetra na alma e a deprava, convertendo os mortais em demônios. Por definição, qualquer indivíduo dotado de poderes sobrenaturais é um engenho diabólico, que caiu na tentação perdendo sua alma em troca de poder. Os bruxos e invocadores são especialmente malignos, dado que a magia é uma arte que requer um estudo intensivo, que implica muito mais vontade para o mal.
A origem destas forças nasce dos demônios, dos quais tratam de tragar o homem nas trevas para se apoderarem de suas almas. Dado que Deus nos deu o livre arbítrio, está em nossas mãos sucumbir a elas ou não. Foi Lucifer quem deu o dom da bruxaria, primeiro a Lilith, que se converteria em sua esposa, e depois a Eva. É por isso que o uso das habilidades sobrenaturais, ou místicas, recebem pelo menos o nome de "Pecado Original".
O verdadeiro perigo nestas forças consiste em que uma pessoa não tem necessariamente que desencadea-las para fazer o mal, mas inevitavelmente acabará o fazendo. Pouco a pouco, sem importar qual for o objetivo que pretende conseguir com tal poder, termina corrompendo a alma humana. Cedo ou tarde usará o místico para machucar alguém, submeter aqueles que não estejam dotados dos mesmos dons especiais ou causar uma destruição desencadeada. Certamente, a maioria dos eruditos experientes nas artes ocultas podem discordar desta concepção, mas a história diz o contrário. Sem o místico, um indivíduo não provocará uma devastação massiva, roubará as almas de inocentes ou erguerá exércitos de mortos para assolar o mundo. Após tantas más experiências e aterradoras sucessões, não é de se estranhar que o povo esteja de acordo com este princípio fundamental da religião. Por isso, os cristãos temem e repudiam os poderes místicos, e a própria Igreja usa uma importante ramificação de sua organização, a Inquisição, para caçar essas forças do mal.
O único tipo de poder sobrenatural permitido pela religião são os dons que Deus, em raríssimas ocasiões, concedem ao homem. Recebem o nome de "milagres" e aqueles que podem realiza-los são os escolhidos do Senhor. Conceitualmente, a única diferença entre os poderes do diabo e dons divinos é que, enquanto os primeiros assumem a escuridão de forma completamente inevitável, os dados por Deus lhe permitem se manter sempre puro, sem lhe arrastar a perversão. Naturalmente, é de todo impossível perceber a diferença além do qual os altos sacerdotes ou a Inquisição determinam. Por isso, sempre que surge alguém cujas ações possam ser consideradas "milagrosas", a Igreja realiza uma investigação cuidadosa e exaustiva sobre o escolhido. São raros os casos nos quais lhe dá reconhecimento oficial, e sempre devem ser indivíduos religiosos que, a partir de então, serão supervisionados pela Igreja. Todas estas pessoas recebem o título de "Santos", lhes permitindo usarem suas capacidades especiais. Estes dons divinos é a justificativa dos poderes que os Altos Inquisidores possuem e muitos dos agentes do Império.

Satanismo
Para a Igreja, o princípio de todo mal é uma entidade obscura e maliciosa que responde a muitos nomes. Satan, Lucifer, Belzebu ou simplesmente o Diabo são só alguns dos títulos que lhes são dados ao Príncipe das Mentiras. Lucifer é o grande inimigo, o Senhor dos Infernos que pretende ser a sombra de Deus. Originalmente o anjo mais majestoso e belo da Criação, em seu orgulho e arrogância desejou superar o Criador, sendo arremessado dos céus por isso. Cheio de ira, se proclamou dono do inferno, reunindo ao seu redor os anjos que lhes acompanharam em sua rebelião e outros espíritos malignos. Dado que não podem furtar as almas de Deus, trata de usar o livre arbítrio que ele deu aos homens para fazer com que caiamos em suas mãos. Por isso nos tenta, sussurra doces palavras em nossos ouvidos e nos dá obscuros poderes que nos devoram para as sombras.
Geralmente, todos os bruxos, psíquicos e pessoas dotadas de capacidades sobrenaturais são qualificados automaticamente pela Igreja como satanistas ou demônios, pois seus poderes provém do anjo caído. Porém, o número de verdadeiros adoradores de Lucifer é consideravelmente baixo.
A Igreja vem comparando muitas deidades pagãs com o Diabo, as considerando pouco mais que aspectos de Lucifer ou seus grandes demônios. Gaira, Zemial, Jedah, Fenrisulf ou Skule são os mais habituais (ainda que um setor radical da Igreja insiste em colocar Jihamath dentro desta lista). Sua adoração, mais que paganismo, é sempre entendida como satanismo.
A Inquisição tem permissão para perseguir os adoradores de demônios e lhes impor castigos exemplares, como fariam com qualquer bruxo. Habitualmente, isso implica a execução nas fogueiras.
Os Falsos Ídolos
A Igreja Cristã não reconhece nenhuma outra divindade que não seja o próprio Deus. Porém, não engloba necessariamente o resto de deuses e crenças como os "demônios" descritos anteriormente. Geralmente, os cultos e religiões comuns em Gaïa são referidos habitualmente como Falsos Ídolos, criações imaginárias do homem desenvolvidas em épocas de ignorância e escuridão. A Igreja proibe sua adoração, mas ao contrário do que se ocorre com as deidades consideradas "demoníacas", a Inquisição não tem poder sobre seus seguidores e em nenhum caso se castigam suas práticas sob pena de morte. Simplesmente, são um ato pagão de gente sem fé que merece pouco mais que advertências e repressões.
Durante a época de expansionismo cristão, a maioria dos costumes religiosos de outros cultos que não confrontavam as tradições da Igreja foram absorvidas como próprias. Deste modo, muitos deuses e heróis antigos foram transformados em anjos e santos.
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