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História de Gaïa

  • Ignatyus Arkadel
  • Nov 5, 2016
  • 23 min read

Updated: Dec 27, 2020


- Uma terra sem ruínas é um lugar sem memórias; um lugar sem memórias é uma terra sem história.                Abraham J. Ryan

A Condenação do Esquecimento

E o homem se perdeu.

Ninguém é capaz de dizer porque se ocorreu nem como. Pode ser que se desencadeou algum fenômeno natural que apagou nossas recordações, pode ser que transgredimos alguma regra de um poder desconhecido e portanto fomos castigados por isso. Pode ser que, simplesmente, o homem decidiu isso para si mesmo.

Como crianças pequenas, reduzidas a pouco mais que animais, vagamos durante séculos pelas nossas civilizações perdidas que declinavam ao redor de nós. Tudo se converteu em ruínas. As ruínas se tornaram pó, e o pó se dispersou aos ventos.

Naquela época o mundo tinha outro nome.

Mas nada podemos fazer para recorda-lo.

Sua Chegada

Em algum momento o homem chamou sua atenção. Porque? Nunca saberemos. Parecia que algo em nossa natureza lhes atraiu até nós, ou é possível que eles tenham despertado com os silenciosos gritos da terra. Não pertenciam a este mundo. Vieram de muitas formas e sua chegada dividiu os céus e fragmentou a terra. Durante um tempo nos observaram com determinação, estudando quem éramos e no que nos tornaríamos. Sentiram-se intrigados, fascinados à sua maneira por nossa condição. Decidiram não intervir, dado nosso estado, ou pelo fato de desejarem que a evolução prosseguisse inalterável.

Mas no final, tomaram uma decisão inesperada: criar sua própria obra se inspirando em nós.

Aqueles que caminharam conosco

Nasceram os Duk' zarist. Se tratavam de uma versão aperfeiçoada do homem, criada dualmente à partir da escuridão de nossos anos de ignorância e pelo fogo do qual usamos para iluminar nosso caminho. Neles acrescentaram os principais sentimentos humanos, e mesclado a isso grandes poderes equilibrados a enormes fraquezas. Mas a maior diferença que nos distinguia era muito enraizada na anterior, em sua própria essência. Suas almas eram de imagem e semelhança as nossas, se encontravam muito mais ligadas ao mundo espiritual que as do homem, e por consequência, os poderes sobrenaturais com o tempo passaram ser chamados de magia.

E assim, de um dia para o outro, começaram a caminhar junto conosco. A partir daquele amanhecer, nunca mais estivemos só.

Entretanto, uma parte dos criadores não ficou satisfeita com essa obra. Pensavam que só sabiam se limitar a copiar, a realizar uma simples adaptação de algo que já existia e, portanto, se dispuseram a dar vida novamente. Desta vez, aprofundaram-se nas recordações esquecidas do homem, sua inacabável fonte de inspiração, e da imaginação do ser humano brotaria uma nova raça. Seria uma encarnação da fantasia, nascida a partir de nossos duendes e fadas, e para diferencia-los ainda mais daquilo que consideravam um fracasso, basearam suas almas no poder sobrenatural da luz. Mesmo agora, os chamamos comumente por elfos, ainda que tenham um nome; Sylvain.

Mas essa segunda obra não foi vista com agrado por aqueles que consideravam os Duk' zarist e os humanos os centros de sua atenção. Uma silenciosa confusão se ocorreu no vazio onde se encontravam os criadores, um silêncio inquieto que até os mortais podiam ouvir.

E a situação se agravou mais. Alguns se limitaram a observar, outros continuaram na liberdade de soltar suas criatividades. Se contar com os demais, voltaram a usar o homem e seus pensamentos para conceber novas criações, e uma amálgama de entidades apareceram nesse mundo sem nome. Inclusive a vida dos próprios elementos e seres cuja natureza não é completamente inexplicável, como bestas, deuses e demônios. Em muito pouco tempo, essa discrepância de opiniões começou a alcançar cotas inesperadas. E sua própria criação se tornaria o testamento de suas consequências...

A Guerra nos céus

Nunca mais voltaríamos a estarmos sós...

A batalha não durou nove dias nem nove noites. E tampouco foram horas. Pode ser que tudo tenha acabado em alguns minutos, ou até mesmo menos. Mas no final, entre a destruição, ambos ali estavam. C'iel e Gaira. Foram armas vivas elegidas pelos criadores para se destruírem, seres capazes de engolir deuses com um simples pensamento e que apagariam da existência aqueles que deram vida? Ou seriam encarnações conscientes das vontades de cada bando, conceitos primogênitos anteriores a criação? Seja qual fosse a resposta, nenhum deles encontrou uma razão para prosseguir o confronto. E não estavam sós. Sete entidades, sobreviventes que foram seus soldados no combate, se alçaram em bandos. Junto a C'iel, chamada pelos elfos como a dama da luz, se alçaram as Beryl. E com Gaira, o senhor obscuro, os Shajad.

Todavia não havia nenhuma explicação do porque os mortais não sofreram as consequências do conflito, nem tampouco se conhece a razão do porque C'iel e Gaira decidiram se afastar de nós. Pode ser que, dentro deles, sentiam que deveriam nos proteger e permanecer junto a todas aquelas crianças que necessitavam dar seus primeiros passos.

E com o tempo, essa terra teria um novo nome. Gaïa.

O Nascimento de Gaïa

Não é possível dizer muito sobre o que se ocorreu após os anos que seguiram o conflito, salvo que foi uma época de esplendor e progresso. Cada raça se esforçou em florescer e avançou rapidamente em diversos campos, desenvolvendo as artes, a filosofia e as novas ciências. Fundaram cidades e ergueram os primeiros reinos, alguns dos quais se converteram em impérios. No princípio, os recém chegados não tiveram muita relação entre eles, já que cada raça estava situada em lugares distintos pelo mundo. Apenas os humanos, espalhados por todas as partes, puderam se encontrar várias vezes. Mesmo assim, o homem vivia em um estado cultural bastante primitivo, mas graças a influência das outras civilizações, pouco a pouco começaram a encontrar seu lugar na nova ordem.

Foi uma era em que o sobrenatural se encontrava presente em todas as partes. Os bruxos manejavam com facilidade as forças místicas, e a linha que separava o mundo do oculto e do material era tão tênue que todo tipo de criatura podia se manifestar fisicamente. Os Shajad e as Beryl atuavam continuamente durante o desenvolvimento, realizando pequenas intervenções e dando conhecimentos a uns e a outros. Ensinaram os princípios da magia, e observaram com agrado como suas classes eram rapidamente assimiladas. Nunca exigiram nada em troca. Não desejavam se converterem em deuses nem receberem adoração, ainda que muitas de suas encarnações inspiraram o culto a diversas divindades e demônios. Com o passo do tempo, cada facção começou a sentir-se mais atraída por certas raças e culturas, principalmente aquelas que evoluíam de um modo mais afim aos seus ideais.

As civilizações que progrediram mais rápido foram as dos Sylvain e as dos Duk' zarist. Os Sylvain abraçaram a filosofia de C'iel, que mantinham todos os seres sob o direito de viverem em uma ordem estabelecida pela completa igualdade, e progrediram de acordo a esta ideia. Pelo contrário, os Duk' zarist desenvolveram uma cultura mais similar a de Gaira, cuja ideologia fixava na lei do mais forte e sobre o dever de ter autoridade sobre os fracos e assim evitar o caos e a destruição. Deste modo, os Duk' zarist avançaram militarmente a um ritmo virtuoso, desenvolvendo armas de grande potência e enfocando o uso da magia para a guerra.

Inevitavelmente, diferenças ideológicas entre as culturas principais se mantiveram claramente constatadas, e as relações entre ambas as raças começaram a se tornar mais tensas. Finalmente, os Duk' zarist chegaram a conclusão de que se as coisas seguissem evoluindo deste modo, toda Gaïa se encontraria tomada pela sombra da anarquia, e portanto, decidiram que havia chegado o momento de impor uma novíssima ordem. Dirigida por Ghestalt Noah Orbatos, seu primeiro imperador, começaram o que seria conhecida como a Guerra da Escuridão.

A Guerra da Escuridão

A guerra foi cruel e tanto os céus quanto a terra se tingiram de sangue. C'iel e as Beryl observaram desoladas, mas decidiram não intervir abertamente para assim garantir que Gaira e os Shajad fizessem o mesmo. No princípio, os Duk' zarist focaram todos os seus esforços contra os elfos, que não eram capazes de bater de frente contra seu poder tempestuoso. Dominaram demônios, elementais e dragões, ergueram fortalezas voadoras capazes de arrasar cidades inteiras e muito mais, apesar de serem menos da metade em relação ao seu inimigo, com suas habilidades marciais um só de seus guerreiros podia acabar com mais de dez adversários Sylvain.

Sendo assim, os Duk' zarist abriram vários cercos de combate contra as demais raças, pensando em sua prepotência que não havia força sobre Gaïa capaz de bate-los de frente. Estes últimos atos não contaram com a aprovação de nenhum dos Shajad, alguns dos quais haviam visto com satisfação o florescimento das culturas que estavam em perigo. Inclusive sugeriram a Gaira que devessem intervir. Assim sendo, o Senhor Obscuro preferiu cruzar seus braços e abrir um sorriso, provavelmente prevendo tudo o que iria se ocorrer.

Foi quando então, tão próximo do final, todos os povos de Gaïa começaram a se tornar terrivelmente conscientes sobre o seu destino. Nesse momento, entre o caos e o sangue, surgiu uma pessoa que sugeriu o que jamais iria se repetir: a união de todos contra um inimigo em comum. Ainda não sabemos quem foi. Nem sequer seu nome e origem são conhecidos. Naturalmente, cada cultura que se recorda desta guerra atribui esta pessoa com nomes e origens diferentes, mas até o momento nunca puderam provar sua identidade. Fosse como fosse, com lágrimas e sofrimento, essa última aliança conseguiu o impensável: deter o avanço dos conquistadores e obriga-los a retrocederem passo a passo. Aquilo foi inconcebível para os Duk' zarist. A aliança começou a aprender rapidamente métodos efetivos para combatê-los de igual para igual, e aproveitaram sua enorme vulnerabilidade ao metal para destruí-los. De fato, os próprios Sylvain já haviam se convertido em inimigos capazes de confronta-los quase que em igualdade.

No final, encabeçados por seu Imperador, os Duk' zarist se viram obrigados a retroceder para suas fronteiras e sendo conscientes de que aquela luta não seria mais uma conquista, e que a batalha aqui seria pela sua própria sobrevivência. Mais que pedir, exigiram aos Shajad que intervissem a seu favor, os acusando de virarem as costas quando as coisas se voltaram contra eles. Dizem que naquele momento de desespero, antes da batalha decisiva, o mesmo Imperador Ghestalt desafiou Gaira, quando os Shajad abriram as portas para isso.

Ninguém teve dúvidas sobre o resultado do confronto... Nem sequer Ghestalt.

O que mais poderia acontecer que a queda do imperador?

Depois daquela última derrota, se retiraram e retornaram as origens de suas ruínas. Diminuídos em número, os Duk' zarist nunca recuperariam a completa superioridade que durante esta época chegaram a alcançar. A aliança os deixou em paz. Eles mesmos haviam perdido praticamente tudo o que tinham, e suas forças não lhes permitiam afrontar novamente contra as cidades Duk' zarist.

Gaïa estava em ruínas e agora, restava por diante um longo processo de reconstrução...

A Era do Caos

Todos os povos foram terrivelmente afetados pela guerra, em especial o império Sylvain e o império Duk' zarist. As relações entre as diferentes raças estavam deterioradas, mesmo assim, fizeram esforço para seguirem adiante. Muitos abriram suas fronteiras e iniciaram a cooperar entre eles, em especial os que haviam formado parte da aliança. Mesmo assim nunca existiria a mesma confiança de anteriormente devido o temor causado pelas pequenas sucessões similares.

Foi sem dúvida uma era estranha, na qual alguns poucos indivíduos alcançaram níveis de poder exorbitantes convertendo-se quase que em deuses. Alguns eram capazes de alterar as marés apenas com sua mera presença, partir montanhas em duas e reduzir exércitos inteiros a nada com uma aterradora eficácia. Pouco a pouco, tanto os Shajad quanto as Beryl iniciaram a intervir menos no mundo, se dando conta que possivelmente sua elevada participação foi o que propiciou aqueles acontecimentos bélicos.

Andromalius, Senhor de Sólomon

Seria então quando nós humanos, os menos danificados pelo holocausto, nos converteríamos em uma verdadeira potência. Estendidos por todas as partes, levantamos numerosos reinos e impérios, usando a força em nosso número. Da noite para o dia surgiram novas culturas e civilizações, algumas das quais perduram até a atualidade, enquanto que outras logo sumiram no esquecimento. Naquela época, milhões de anos atrás, inclusive nós mesmos chegamos a dominar segredos sobrenaturais, e aqueles que ostentavam o poder obrigavam aos fracos a estarem abaixo de seu domínio...

Não é irônico que, em um de nossos momentos de maior apogeu, nós mesmos fomos nossos piores inimigos? Logo, os reinos humanos enraizaram inúmeros conflitos internos, tratando de tomar o que era de seus semelhantes. Nestes tempos caóticos, apareceram vários conquistadores que tentaram unificar todas as terras, mas suas lutas só nos trouxeram fracasso e morte. Ainda se recorda dos nomes de alguns destes vastos impérios, como Sólomon. Mas essas histórias são para outra ocasião.

A Sombra da Cruz

Seremos acaso prisioneiros de um destino irônico que nos obriga a repetirmos nossos passos era após era? Ou se trata só do despertar de um sonho que nunca existiu? Porque então, entre as cinzas de nossas próprias guerras, veio até nós um Messias chamado Cristo. Era um homem sensível que não tinha nada, mas que em contrapartida, queria tudo. Se tratava de uma figura brilhante, uma luz que deslumbrava sobre mendigos e reis, e cujo ao redor se reuniram os perdidos e aqueles que necessitavam de algo no que crer. Dizia ele trazer a palavra de um deus desconhecido até então, um deus de todas as coisas e que nos dava poder sobre a vida e a morte. E sua palavra se fez lei. Uma só lei para os homens.

Sua doutrina dizia que todos éramos iguais diante Deus, que tínhamos um lugar em sua casa. Nos ensinou a misericórdia e a piedade, mas também a temer ao senhor e a sua vingança. A magia e o sobrenatural não tinham espaço em seus preceitos, tal como aqueles que a utilizavam. Junto a ele apareceram doze apóstolos, portadores de seu credo, com eles caminhou para cada canto do mundo. E a voz e a espada esteve a ponto de alcançar aonde ninguém havia chegado; unir a todos por uma só bandeira. Mas todo paraíso tem sua serpente. Às portas da cidade de Sólomon, último reduto de um império já construído, Cristo foi traído por um de seus apóstolos, aquele que respondia pelo nome de Iscariote. Como pagamento lhe entregaram trinta peças de metal negro, das que se diziam conter o conhecimento para mudar Gaïa. Cuide-se aquele que possuir alguma, já que sobre elas recaem nossos pecados.

Cristo foi crucificado naquela mesma noite. Durante treze horas esvaziou-se de alma atormentado na cruz das muralhas de Sólomon. Quando faleceu não se abriram céus nem estremeceu a terra. As águas não se tornaram sangue nem tampouco os céus se obscureceram.

Simplesmente morreu.

Os Onze reinos santos

Mas sua morte foi só o princípio. Os apóstolos terminariam aquele sonho impossível, derrubando as muralhas de Sólomon e destruindo assim o último reduto da era do Caos. Uma nova etapa estava se iniciando, e todo homem, mulher e criança podia se dar conta disso.

Ao redor da tumba do Messias começou a se erguer a cidade Vaticana de Arkângel, que a seu devido momento, se proclamaria capital do mundo. Seriam os cimentos que formariam o Sacro Santo Império de Abel, os escolhidos por Deus. Os apóstolos, se dando conta de que era impossível para eles manterem unidos todos do recém nascido Império, dividiram as terras em onze domínios, se proclamando primeiro os governantes espirituais e posteriormente reis santos. Aquilo se ocorreria aproximadamente no ano três depois de Cristo.

Aplicando duramente as novas doutrinas, se proibiu o uso da magia e das ciências místicas. Assim, os homens, lentamente mas inexoravelmente, deixaram para trás todo o sobrenatural de suas vidas. O Império trancou suas fronteiras para os outros povos, com aqueles que deixaram de ter a mínima relação. Estes, aprofundados em seus assuntos, não deram a este ato a importância fundamental que no final teria.

Acaso a religião perdeu em algum momento sua doutrina original, ou realmente aqueles sempre foram as intenções de nosso Messias? Fosse como fosse, a fé começou a considerar as outras raças como monstros, criaturas demoníacas que utilizavam artes obscuras e ímpias. Perseguiram os feiticeiros e os místicos, criando um corpo de inquisidores que se ocupavam de caça-los e executa-los. Os onze apóstolos, ainda que excepcionalmente longevos, acabaram morrendo um atrás o outro, deixando a seus descendentes suas coroas. Não demorou em surgir disputas. Os reinos santos começaram a se separar, agrupando-se em vários blocos que mantiveram tensas relações entre eles durante a mais de duzentos anos.

Porém mais longe, nos mares do norte, se formaram as sombras de um duodécimo reino. Rah, o último dos descendentes de Iscariote, decidiu que havia chegado o momento de atuar.

A Guerra de Deus

Isolado dos demais, Rah havia levantado uma poderosa nação que nomeou como Judas. Sob seu domínio, unificou todas aquelas pessoas que haviam desrespeitado os dogmas cristãos ou que haviam sido perseguidos pela Igreja. Deste modo, criminosos, bárbaros, pagãos e bruxos se converteram em seus hóspedes. Mas Rah não se conformou apenas com isto, e buscou alianças com raças e criaturas sobrenaturais. Em suas intrigas, chegou inclusive a se pôr em contato com os Duk' zarist, os quais prometeu lhes entregar o que mais ansiavam: uma solução para acabar com sua fraqueza diante o metal. Em segredo, atraiu a Imperatriz Duk' zarist Ark Noah, apenas uma menina, até a ilha de Tol Rauko, onde a fez obrigar seu povo a lhe apoiar.

O objetivo de Rah não era simplesmente conquistar. Apontava para muito mais alto. Se assegurou que sua meta era destruir a Deus para que os homens se convertessem em deuses. Para ele, a religião não era nada mais que correntes que nos impediam de alcançar nosso verdadeiro potencial, uma sombra que cegava nossa visão de mundo. Mas o Vaticano não era seu único adversário. Também pretendia destruir as religiões não-humanas, consumir todos os credos nas chamas de seu sonho até que restassem apenas suas cinzas. Finalmente, quando creu estar preparado, declarou a guerra ao mundo. Aquele foi um ano que todos recordaremos pela eternidade, o ano 223.

Com ele, se levantou um exército como não havia se visto nunca, nem sequer na era da escuridão. Horrores primogênitos e grandes bestas caminhavam ao lado dos homens, Duk' zarist e gigantes, arrasando tudo o que estavam diante seu caminho. Os reinos santos não souberam como reagir a princípio. Distanciados por disputas menores, foram incapazes de responder conjuntamente contra a ofensiva, e um após o outro acabaram completamente devastados. Seus enclaves foram apagados em uma sucessão aterradoramente rápida; Serrano caiu em um dia; Bedoire não durou muito mais apesar de seus grandes avanços técnicos... O sangue de milhões clamava aos céus, mas estes permaneciam silenciosos.

Vendo seus ancestrais inimigos surgirem de novo, as nações élficas e seus aliados ofereceram sua ajuda aos homens, mas estes rechaçaram sem nem chegar a considerar. Ainda assim, os Sylvain eram muito conscientes de que desta vez não podiam permanecer com os braços cruzados e decidiram iniciar sua guerra independentemente. Mas pouco podiam fazer contra os poderes combinados das forças de Rah.

Então, contra todo o prognóstico, Zhorne Giovanni, o jovem herdeiro de um dos reinos santos que sequer ainda havia sido coroado, mudou o curso da guerra e nos trouxe esperança. Líder nato, fez com que os restantes exércitos lhe seguissem e aceitou a aliança proposta pelos elfos e outras raças. Mas mesmo unidos, o poder de Judas era difícil de superar. Vendo suas tropas em problemas, Rah abandonou as ilhas para se pôr em pessoa frente aos exércitos, acompanhado de seus oito agentes mais poderosos, A Cofradia, que eram como deuses viventes. Nada parecia ser capaz de dete-lo.

Mas ocorreu algo fora do conhecimento de Rah. Enquanto esteve ocupado, um só Duk' zarist chamado Larvae conseguiu entrar nos subterrâneos de Tol Rauko e resgatar Noah de seu confinamento. Nas entranhas da ilha, Larvae encontrou algo mais que sua Imperatriz. Naquele lugar, Rah estava construindo uma estranha maquinaria que combinava uma tecnologia perdida com magia, um artefato que canalizava as almas de todas as vítimas da guerra. A liberação de Noah puxou as rédeas dos acontecimentos. Os Duk' zarist, ao ponto de obter uma vitória total sobre seus eternos inimigos, se retiraram do conflito arrasando em seu retorno todos os exércitos de Judas que encontravam. Zhorne viu então a oportunidade que esperava e prosseguiu sua ofensiva com energias renovadas até dobrar as forças de Judas. Rah teve que retroceder, regressando a seu castelo em espera de uma oportunidade para reagrupar suas tropas... uma oportunidade que nunca chegaria. Com sangue, dor e lágrimas, o jovem Giovanni conduziu seus exércitos através dos desolados reinos até alcançar a praia. Ali, reunindo todos os efetivos que restaram, cercou os mares em direção a capital de Judas.

E nesse instante, vendo seu final cada vez mais próximo de seu castelo em Tol Rauko, a trágica gargalhada de Rah pôde ser ouvida ecoando em todas as partes. Uma risada carregada de tristeza e amargura... Era dolorosamente consciente de que seu sonho havia chegado ao fim. E decidiu cometer a maior de todas as atrocidades.

Se não podia salvar o mundo, então o destruiria.

Zhorne Giovanni

Com Zhorne às portas de sua fortaleza, Rah pôs em funcionamento sua máquina. Ainda não somos capazes de compreender quais seriam realmente as repercussões do feito, mas sem dúvida provocou uma perturbação sem precedentes no mundo físico e espiritual. Aquela seria a última vez em que C'iel e Gaira interviram de uma maneira aberta em Gaïa. Ambos, que haviam permanecido observando todos os acontecimentos, deram-se conta da gravidade dos atos de Rah e decidiram deter o holocausto antes que fosse demasiadamente tarde, antes de que aquela máquina engolisse toda a criação. Sua influência evitou que a máquina se desencadeasse completamente, mas de qualquer maneira, o dano já era sério o suficiente.

O Senhor de Judas desapareceu completamente da face da terra. Fisicamente em contato com sua construção no momento de ativa-la, seu corpo e inclusive sua alma, não foram capazes de suportar o tremendo poder que desencadeou. E assim, três anos depois de seu início, a guerra teve um fim. Mas... alguém poderia comemorar alguma vitória?

Mais de cem bilhões haviam morrido durante o conflito e todas as civilizações estavam a bordo da extinção. O ódio racial havia alcançado níveis exorbitantes, e os sobreviventes davam morte a qualquer um que não fosse de sua espécie. Além do mais, os seres sobrenaturais e as criaturas se infestaram pelo mundo como se algo vital como o ar lhes faltasse. E das sombras de nossa história, aqueles que moviam as linhas dos acontecimentos inclusive sob as costas dos deuses, se deram conta de que os povos de Gaïa jamais poderiam voltar a coexistir.

A Separação

O que se ocorreu depois é difícil de relatar. Naquele momento de caos absoluto, três sociedades ocultas, os ventríloquos da história secreta do mundo, começaram com os preparativos para salvar nosso mundo de seu pior inimigo: nós mesmos. Seus nomes eram Imperium, a Tecnocracia e os Illuminati, que pertenciam as raças humana, élfica e Duk' zarist respectivamente. Existiam desde a milhões de anos atrás, ainda que seus atos nunca haviam sido escritos em livros. De um modo inconcebível, estavam em possessão de uma combinação de tecnologia e magia desconhecidas, superiores inclusive aos que Rah havia utilizado com tanta insensatez.

Tudo começou algumas horas depois do final da guerra. Naquele dia, os imortais planejaram desatar um poder que deveria estar reservado apenas aos deuses, uma força que sacudiu a própria estrutura da realidade. Essa sucessão não passou despercebida para C'iel e Gaira, que receberam um inesperado convite formal para fazerem parte daquele estranho projeto. Shajads e Beryls se manifestaram como embaixadores da luz e trevas em um conclave onde se decidiria o futuro de Gaïa. Ali reunidos, todos chegaram a mesma conclusão; que não era possível que as diferentes raças convivessem sem se destruírem. Além do mais, a máquina de Rah havia criado um vórtice que enfraquecia a magia em um amplo território. Ainda que pouco a pouco seus efeitos iriam desaparecendo com o tempo, um grande número de seres sobrenaturais que viviam nessas terras se asfixiaram pela falta de suas energias místicas.

Portanto, só havia uma solução possível... separar o mundo.

Foi uma época de grandes mudanças

Imperium, Tecnocracia e Illuminati ergueram muros invisíveis em nossa realidade, uma barreira inquebrável para os mortais que os Shajad e as Beryl selaram com seu sangue. A partilha de territórios foi desigual. Os humanos, os mais numerosos, ficaram com a zona mais ampla, aquela que foi mais afetada pela máquina. As três organizações chegaram a uma série de acordos entre elas, regras que se comprometeriam a seguir para manter a estabilidade dos mundos. Principalmente, cada uma se ocuparia de um enclave, aquele do qual pertenceria a sua raça protegida, e não interviria em absoluto nos assuntos das demais. Assim mesmo, manteriam em segredo a verdade sobre o sucedido, impedindo por completo que alguém descobrisse que há outros mundos ou transpassa-sse as barreiras. Desde então, só somos capazes de ver uma terceira parte do mundo, sem saber que tudo aquilo que consideramos como mitos eram na verdade pura realidade. Este é nosso cativeiro... e nossa salvação.

O Sacro Santo Império de Abel

Mas longe a estas sucessões... o que havia se ocorrido com Zhorne Giovanni? Pois aquele garoto de apenas dezessete anos, que amadureceu no campo de batalha coberto sobre o sangue de amigos e inimigos, se converteria na espinha dorsal de um Império que se tornaria o pilar da terra.

Os reinos santos já haviam desaparecido por completo, e bárbaros, bandidos e criaturas sobrenaturais saqueavam os assentamentos dos refugiados em busca de ouro e comida. Dizem que o heroísmo nasce da necessidade, e aquele era um momento que clamava por heróis. Nessa época de declínio, Zhorne, mesmo a mando de um pequeno exército, decidiu impor ordem naquelas terras caóticas. A sangue e fogo exterminou milhares de saqueadores, permitindo aqueles que se rendessem a se unirem a sua cruzada. Um incontável número de desamparados começou a lhe seguir, pois ele os dava comida e cuidava dos enfermos. Alguns meses depois alcançou as ruínas de Arkângel e ordenou sua reconstrução, enquanto partia novamente para assegurar outros territórios. Refugiados de todas as partes chegaram até a cidade, que cresceu de um modo assombroso em apenas cinco anos. Finalmente, após quase uma década de lutas sem descanso, regressou a capital, onde tomou sua decisão mais importante. Reuniu seus quatro generais principais e lhes concedeu o título de Senhores da Guerra, que se encarregariam desde então de manter a integridade das terras sob seu controle e sobre os desbravamentos de novos territórios. Criou também a figura do Sumo Arcebispo, que estaria a cargo dos assuntos espirituais e da Igreja. E para assegurar a estabilidade política das terras unificadas, as separou em principados, colocando nobres ou eclesiásticos como governantes. Daquele modo, recordo que aquele 16 de Setembro do ano de 233 depois de Cristo, com a idade de vinte e sete anos, Zhorne Giovanni fundou o Sacro Santo Império de Abel, e nele se proclamou Imperador e Sumo Pontífice.

Mas o jovem Imperador ainda não permaneceu inativo por muito tempo. Apesar do excelente trabalho dos Senhores da Guerra, voltou a sair em pessoa para o campo de batalha para se assegurar de novos principados e unificar toda Gaïa sob a bandeira Sacra. Em seu caminho, encontrou algumas pequenas populações isoladas com seres sobrenaturais que haviam tentado reconstruir seus lugares depois da guerra. Com dor em seu coração, se viu obrigado a expulsa-los de suas terras, conhecedor de que não podia se permitir ter compaixão. E aqueles que negaram a marchar e trataram de combate-lo, não restou nada mais que seus corpos.

No entanto, alguns sobreviventes se infiltraram entre nós, se camuflando e ocultando graças as suas enfraquecidas habilidades sobrenaturais. Para solucionar este problema, com a aprovação do Imperador, a Igreja recriou o corpo da Inquisição, a qual dotou do maior poder que jamais havia adquirido antes. Os inquisidores, indivíduos selecionados com habilidades quase sobrehumanas, se encarregaram de caçar a qualquer bruxo ou criatura sobrenatural sobrevivente e de os destruir completamente. Mas Zhorne não queria que todas aquelas obras se perdessem completamente, e desejava que ao menos alguém recordasse que anteriormente todos caminharam ao nosso lado. Portanto, criou um corpo de cavaleiros que não responderiam ante os Senhores da Guerra e nem a Igreja, mas apenas abaixo de seus mandatos diretos. Sua função seria a de conservar em segredo os conhecimentos e a cultura dos mitos de Gaïa, se assegurando que ao menos alguém não os esquecesse. Esta poderosa ordem tomou como principal base de operações a antiga fortaleza de Rah, pela qual estes guerreiros passaram a ser conhecidos como os Cavaleiros de Tol Rauko.

Durante cinquenta anos eles e os Senhores da Guerra prosseguiram com sua tarefa. Os territórios que não queriam se unir ao Império eram obrigados pela força das armas a faze-lo. Primeiro todo o Velho Continente, depois Lannet e Shivat, e por último, Zhorne enviou uma potente força rumo ao continente oeste, que com a passagem dos anos, também faria parte de Abel. Daquele modo, toda Gaïa se encontrou refundida abaixo de uma só bandeira. Por fim, após quase meio século de luta, o Imperador pôde descansar e passar o tempo livre com sua Imperatriz, a quem havia desposado quando fundou o Império. E no ano 355, com a idade de cento e quarenta e nove anos, Zhorne Giovanni faleceu como sempre havia desejado; em sua cama, em paz.

Seu único filho herdou a coroa do Império, e bem instruído desde sua infância para suportar o peso, Lázaro demonstrou estar a altura das expectativas de seu pai. Deste modo, durante seis séculos, os Giovanni conduziram Abel a uma era de grande prosperidade. O Império passou por certas dificuldades, seria mentira dizer o contrário. Lannet e Shivat trataram de buscar independência em três ocasiões e as rebeliões tiveram que ser sufocadas. O principado de Kushistan gerou uma oposição direta a igreja vaticana, desenvolvendo suas próprias doutrinas religiosas, e o poder sobre o continente oeste começou a diminuir lenta e imperceptivelmente. Todos estes problemas foram resolvidos com grande destreza dos Imperadores, que atuaram em sua justa medida utilizando sempre o método mais apropriado para cada ocasião.

O homem, pouco a pouco, começou a se esquecer da história anterior ao Império, até que a existência de seres sobrenaturais e bruxos se reduziu a meras histórias que os velhos contam ao redor de fogueiras. Nada parecia ser capaz de danificar a força de Abel...

Até o mandato de Lascar Giovanni. Movido pelos poderes absolutos de Imperador, levou a corte a uma depravação e crueldade como nunca havia se visto. Ordenava execuções sem sentido, tomava as mulheres que desejava, declarava guerras inúteis e inclusive levou sua esposa ao suicídio depois que dera a luz seu único filho, Lucanor. O mais jovem e idealista dos quatro Senhores da Guerra e primo político de Lascar, Elías Barbados, viu decair os cimentos do Sacro Santo Império. Incapaz de ficar de braços cruzados, não pôde suportar durante mais tempo as ações de seu senhor e se rebelou contra ele. Aquele golpe de estado foi rápido e com pouco derramamento de sangue. Tudo se organizou em Arkângel, e inclusive a Igreja e Tol Rauko deram as costas ao Imperador. O plano era simples, obrigar a seu primo a abdicar a favor de seu filho sem lhe fazer o menor dano. O Senhor da Guerra era muito consciente de que se executasse Lascar o Império estaria condenado, já que a figura sagrada do Imperador perderia sua santidade. Entretanto, orgulhoso até o final, Lascar utilizou seu filho Lucanor para retirar sua vida, forçando o pobre pequeno a fugir com a espada imperial de Zhorne.

Aquilo havia condenado o herdeiro e Abel necessitava urgentemente de um novo senhor. Foi assim que Elías, o descendente mais direto ao título, foi proclamado santo Imperador com o apoio dos restantes Senhores da Guerra e do Sumo Arcebispo Augustus. Incapaz de empreender qualquer ação contra o jovem Lucanor, Elías lhe enviou presentes, lhe dando o título de príncipe de um dos territórios mais importantes, Lucrecio. Deste modo, no ano 957, a longa genealogia dos Giovanni abandonou o trono imperial depois de quase sete séculos de mandato.

O Último Imperador

Elías demonstrou ser um soberano perfeito, capaz de se desenvolver tão bem na política quanto o havia feito no campo de batalha. Com jogo de cintura e decisões adequadas, conseguiu manter a estabilidade do Império, apesar de que muitos principados aguardavam o momento ideal para proclamarem independência. Infelizmente, em sua vida pessoal não teve tanta sorte. Sua esposa morreu ao dar a luz sua primeira filha, Elisabetta, o que o deixou profundamente amargurado. Colocando toda a culpa sobre os ombros da pobre menina, a colocou sobre os cuidados da Ordem do Céu, sua guarda pessoal, e a evitou sempre que fosse possível.

Pouco depois, seu amigo e mentor, o Sumo Arcebispo Augustus, faleceu sem deixar um claro sucessor. A decisão de eleger seu substituto era uma tarefa realmente difícil, já que nenhum aspirante parecia ser qualificado a altura. Em uma de suas entrevistas, Elías conheceu então uma jovem de traços finos chamada Eljared, que com apenas vinte e seis anos, havia alcançado o título mais elevado no que pode ascender uma mulher na Igreja. O Imperador ficou fascinado por ela, incapaz de tira-la da cabeça. Passaram muito tempo juntos, e para a surpresa de todo o Império, decidiu lhe dar o título de Suma Arcebiscopisa, ato que contradizia todas as tradições eclesiásticas. Muitos principados e uma grande parte da Igreja se rebelaram contra esta decisão, mas o Imperador firmou sua decisão e ignorou os protestos. Pouco a pouco a nova Arcebiscopisa começou a ostentar mais poder sob o Império, até que chegou ao ponto de que o Imperador não tomava nenhuma decisão sem seu conselho. Finalmente, Elías deixou em suas mãos Abel, cego pelo amor que sentia por aquela misteriosa mulher. Naquele momento, Eljared se apossou de tanto poder quanto o próprio Imperador, tomando suas próprias decisões sem dar nenhuma explicação.

Elisabetta, a jovem Imperatriz, e seu tutor Kisidan

Os principados protestaram enormemente por seus atos, até que Maximilian Hess, senhor de Remo, a acusou publicamente de bruxaria e de ter enfeitiçado o Imperador. Uma semana mais tarde, Remo seria completamente arrasado pelas tropas do Império, com uma crueldade tão grande que todos os demais principados tremeram. A reação não tardou a desatar-se, e alguns dos senhores se declararam independentes do Sacro Santo Império. Contrariada, Eljared declarou a guerra a todos estes reinos rebeldes, ordenando a seus exércitos que não deixassem pedra sobre pedra por onde passassem. Foi então quando o Senhor da Guerra Tadeus Van Horsman, amigo pessoal de Elías e general dos exércitos de Arkângel, implorou a seu amigo que detivesse tamanha atrocidade. Mas Elías nem sequer reagiu ante as súplicas de seu antigo camarada, recomendando-lhe que obedecesse as ordens se não quisesse ser acusado de traição. Vendo que não tinha nenhuma outra saída, Tadeus levantou parte das tropas do exército de Arkângel, e no nome da futura Imperatriz Elisabetta, invadiu o palácio. As intenções do Senhor da Guerra só eram deter a seu senhor, como este tratou de fazer anos atrás com Lascar. Mas novamente nada saiu como deveria. A jovem Imperatriz, que até então só tinha doze anos, deteve Elías e suplicou a seu próprio pai que reconsiderasse o início da guerra, mas este, enlouquecido, acusou a menina de ser a origem de todos os seus pesares e tratou de executa-la. Neste momento surgiu Kisidan, o general da Ordem do Céu e mentor da futura Imperatriz, se vendo obrigado a acabar com a vida do Imperador.

Aquela noite não foi como as demais. Uma enorme tormenta cobriu os céus de toda Gaïa... e durante alguns minutos se tornaram rubros como o sangue.

A morte de Elías revolucionou o Império. Eljared havia desaparecido no nada e nunca se souberam sobre ela. Tadeus e a Ordem do Céu se puseram abaixo as ordens de Elisabetta, a declarada herdeira legítima do trono de Abel. Os principados rebeldes se negaram a aceita-la como sua soberana e alguns Senhores da Guerra a consideraram também inapropriada para ostentar semelhante cargo, se proclamando eles mesmos soberanos dos territórios que controlavam. E naquele período de caos, a Igreja nomeou por sua conta seu próprio Sumo Arcebispo que, na espera de um novo Imperador, se converteria na suprema autoridade eclesiástica.

E pela primeira vez desde os primórdios do Império, o mundo voltou a entrar em um período de incertezas...

E agora...

...Agora estamos no ano 989. A magia está retornando com força em Gaïa, e a linha que separa o mundo da Vigília com o nosso é cada vez mais frágil. Parte do Império se fragmentou, e esse é o começo da luta entre a jovem Imperatriz e os Senhores da Guerra e Igreja pelo controle. As almas dos seres sobrenaturais que morreram ao longo destes últimos séculos reencarnam em crianças humanas, dando lugar ao nascimento dos Nephilim. E entidades que tem sobrevivido ocultas ao homem durante eras se dão conta que chegou o momento de voltarem a se manifestar ao mundo...

Todos podem sentir. Tudo mudou.

E as coisas que foram relatadas... eu já as vi. Porque nunca esqueça...

Essa foi minha condenação.

 
 
 

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