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Sylvania

  • Ignatyus Arkadel
  • Nov 9, 2016
  • 9 min read

Sylvania

Muito se foi contado de como, ao acabar a Guerra de Deus, os povos sobrenaturais foram morrendo um a um. No entanto, há uma história negra que marca definitivamente o fim dessa era e o início do império absoluto do homem; o dia no qual aqueles que caminharam conosco, seriam esquecidos para sempre.

Este é um relato de lágrimas, traição e sonhos interrompidos.

O final dos contos de fadas.

Suas origens

Com o levantamento da Barreira a maioria das grandes capitais e baluartes de outras raças haviam ficado do mundo dos homens. Isolados no Inferno, todos aqueles povos começaram sua própria história separada da nossa. As principais cidades não humanas que se encontravam no Velho Continente haviam sido arrasadas pelos exércitos de Rah, e bem pouco restava salvo migalhas de sua antiga glória. Os sobreviventes, perdidos e desorganizados, foram expulsos ou destruídos por Zhorne Giovanni, o futuro primeiro Imperador de Abel, sabendo que o ódio racial entre seus povos era demasiadamente grande para coexistir.

Mas houve um lugar que não compartilhou a mesma sorte, a única grande cidade não humana que permaneceu de pé no Velho Continente: Sylvania Nuruel Cartagos.

Apesar de que seria exagerado dizer que se tratava da cidade mais importante dos Sylvain, mas desde logo, era a capital de todas suas nações. Dizem que a origem daquela maravilha se remontava ao nascimento de Gaïa, e que as próprias Beryls interviram em sua construção. Durante a Guerra da Escuridão, foi a única cidade que resistiu ao ataque dos exércitos Duk'zarist e dela se organizou a resistência que lhes faria retroceder.

Sylvania se sustentava além do mais sobre um dos nodos místicos mais potentes de toda Gaïa, o Nexus Depranon, pelo qual inclusive ficando afetada pela máquina de Rah, reteve suficiente energia mágica para permitir ao seu povo viver nela. O senhor da cidade não era outro senão Taumiel UI Del Sylvanus, imperador supremo das nações élficas, quem havia combatido ao lado dos homens contra Judas. Assim quando Zhorne iniciou sua unificação do Velho Continente, determinado a expulsar a todos os povos sobrenaturais destas terras, não soube o que fazer ao se encontrar com Sylvania.

O jovem Giovanni e Taumiel haviam lutado juntos na Guerra de Deus. Choraram, sangraram e riram de costas um para o outro, aquela cidade não era um simples reduto de uma glória passada, mas um verdadeiro bastião do poder que os Sylvain ainda conservavam. Inclusive sendo civis a maioria de seus povoadores, Zhorne sabia que destruí-la iria supor a morte de várias centenas de milhares de soldados, um preço que não queria voltar a pagar.

Além do mais, o que mais restava a esses inocentes?

Onde poderiam ir?

Por isso, o primeiro Imperador de Abel deu as costas a Sylvania e tratou de esquece-la, rezando ao que havia restado dos céus para que, algum dia, ambos povos pudessem voltar a se reunir em paz. Durante os anos prévios a unificação de Abel, milhares de Sylvain e outras raças feéricas viajaram até essa capital perdida, que não tardou em se converter em uma lenda, um paraíso de salvação para quem a encontrasse. Assim foi como Sylvania seguiu sua história de maneira inalterável, isolada atrás de inexistentes muralhas de tudo o que acontecia no mundo exterior, invisível ao olho do homem graças a sua magia. Era um meca de paz e harmonia, onde muito longe se restava os dias de guerra.

Mas para Taumiel UI Del Sylvanus não houve sossego. Senhor de todas as nações élficas, um dos maiores impérios que jamais existiram, se erguia nessas quatro paredes as quais chamavam de lugar. Ironicamente, a cidade que uma vez amou com todo seu coração e pela qual esteve disposto a sacrificar tanto, se havia convertido em sua prisão.

O nascimento dos bebês

Com o tempo ocorreu algo que foi motivo de celebração e alegria para todos os habitantes de Sylvania; a imperatriz Syljanas UI Del Sylvanus, esposa de Taumiel, deu a luz a dois bebês, um menino e uma menina. Infelizmente, a jovem mãe morreu de maneira inexplicável depois de trazer ao mundo a pequena, sem que nenhuma das conjurações ou ensalmos de suas matriarcas pudessem fazer algo para salva-la. Isto atentou ainda mais as trevas do imperador, mas ao ver o legado que sua esposa lhe havia deixado, um sentimento de esperança nasceu nele.

Os gêmeos élficos

Aquelas crianças eram especiais mesmo entre os seus. Haviam nascido com um dom inexplicável, uma capacidade natural que turvava todo redor. Era como se, naquela era de escuridão, a própria C'iel houvesse enviado dois salvadores que devolveriam a luz ao seu mundo. A maior, que nasceu apenas minutos antes que sua irmã, se chamou Nérelas, enquanto que a menina recebeu o nome de Sylvia, em honra a sua mãe.

Taumiel centrou seu interesse em Nérelas, o criando na esperança de que algum dia seria o senhor absoluto das nações Sylvain. Em segredo, o imperador guardava a esperança de que aquele menino escolhido devolveria ao seu povo sua antiga glória. Quando era um adolescente, Nérelas já havia superado a todos os seus mestres em habilidade marcial, e só o próprio imperador lhe superava. Tal como nas armas, sua perícia nos campos místicos era incomparável, e não tardou em se igualar aos maiores arquimagos. Seu poder era meramente incomparável.

Sylvia, ainda que herdeira dos mesmos dons, carecia da férrea vontade de seu irmão e lhe importava pouco a coroa. Viva, divertida e sonhadora, viveu sua infância com liberdade, se rebelando contra as normas que seu pai lhe empunhava. Era como um raio de luz que fazia feliz a todos aqueles com quem estava.

Entre ambos irmãos se alojou um vínculo especial. Tão opostos como o dia e a noite, cada um deles encontrou no outro o companheiro que necessitava. Sylvia, travessa e despreocupada, parecia desfrutar escapando e saltando das tradições. E o surpreendente é que, de algum modo, sempre conseguia carregar Nérelas consigo, metendo seu irmão em toda classe de problemas. Entretanto, o jovem sempre tratava de proteger sua irmã de todos os problemas, e não lhe importou os duros ou severos sermões desde que Sylvia não tivesse que passar pelo mesmo.

Sem dúvida foram tempos de esperança, nos quais os povoadores da cidade sonharam com alegria que estes momentos felizes nunca acabariam. Mas como todos os sonhos, logo chegaria o momento do despertar.

Os Dias do Despertar

Algo mais que um século depois, ao redor do ano 899 de nossa era, dois desconhecidos se apresentaram na metade do palácio imperial, ante a surpresa e estupefação de seus guardiões. Pela primeira vez em séculos desde que se trancassem as fronteiras de Sylvania, estranhos haviam forçado a passagem através dos invisíveis muros da cidade. Sem problema algum, como se não fossem mais que meninos se divertindo com jogos inofensivos, avançaram através das formidáveis proteções imperiais até chegarem a sala do trono. O próprio Taumiel não havia presenciado uma centelha de poder semelhante desde A Guerra de Deus; eram como deuses viventes.

Tanto Taumiel quanto Nérelas se dispuseram a lhes deter pessoalmente, mas ao se encontrarem face a face com eles, os estranhos (quais até o momento não haviam tido nenhuma forma definida) se mostraram como uma bela mulher de longo cabelo negro e seu silencioso acompanhante. Para a surpresa do imperador e de seu filho, os intrusos lhes renderam pleitesia, solicitando amparo em Sylvania. A mulher explicou que ela mesma, a sua maneira, se encontrava cativa no mundo e, em troca da ajuda do imperador, lhe daria o que ninguém mais tinha ao seu alcance: "a possibilidade de mudar a verdade do mundo". Taumiel estranhou suas palavras e durante os dias seguintes manteve longas conversas com ela. Avisado, descobriu com frio ódio a existência dos poderes nas sombras e como estes lhe haviam roubado o mundo que ele conhecia.

Seu mundo.

A ira que começava a devora-lo de dentro culminou quando a misteriosa mulher lhe ofereceu ajuda para recuperar tudo o que havia perdido, colocando ao seu alcance um poder o qual poderia quebrar os próprios céus. Lhe entregou em segredo uma estranha peça de metal negro, e iniciaram juntos diversos experimentos com a finalidade de criar coisas como o mundo não havia visto até então.

Em segredo, sem que os habitantes de Sylvania fossem conscientes do que estava se iniciando, os agentes do imperador se aventuraram no mundo exterior buscando restos de Lojas Perdidas e sequestrando a indivíduos específicos, para usa-los como cobaias. Movido pelo ódio, importou bem pouco para Taumiel o que tivesse de sacrificar, se com isso conseguisse recuperar o mundo que uma vez conheceu. Nérelas observou com desagrado coisas que poucas vezes haviam estado ao alcance dos mortais, mas se manteve um silêncio por dever e fidelidade ao seu pai. Mesmo hoje, é difícil determinar qual foi o alcance das investigações e experimentos que foram dado a cabo.

Durante uma de suas travessuras, Sylvia se encontrou com dos sujeitos experimentais, e desconhecendo completamente quem ou o que era, tratou de fazer amizade com ele. Para ela era algo fantástico conhecer um ser humano, ainda que este não tivesse nenhuma recordação de seu passado. Dado que havia estabelecido contato e a resposta havia sido bastante positiva, a jovem se permitiu a se encontrar habitualmente com seu novo amigo, apesar da absoluta objeção de Nérelas.

Passaram várias semanas, e parecia que os planos e projetos de Taumiel logo dariam seu fruto. Lamentavelmente, durante este período, Imperium acabou sendo consciente da magnitude do que estava se desenrolando, e chegou o momento no qual mesmo eles se viram obrigados a intervir.

O Final dos Contos de Fadas

A noite conhecida como O Final dos Contos de Fadas é possivelmente uma das histórias mais caóticas e confusas que se recordam. Ao parecer, sendo conscientes de que seu tempo se esgotava e de que a intervenção dos poderes nas sombras era iminente, os responsáveis pelas investigações decidiram levar a cabo uma classe de experimento arriscado sem ter informação suficiente sobre seu resultado ou as medidas de segurança necessárias. De fato, a razão pela qual os "benfeitores" de Taumiel haviam escolhido Sylvania como lugar para levar a cabo seus projetos, não era simplesmente por seu nodo mágico ou suas excepcionais características naturais, mas sim porque um tratado com a Tecnocracia impedia a Imperium de atuar impunemente nesta cidade. Deste modo, ganharam um tempo vital antes de que estes percebessem o que se passava.

Ainda não se sabe com exatidão o que se ocorreu, mas fosse o que fosse, a cidade inteira foi consumida nas chamas. Aproveitando o caos, Imperium introduziu um vírus na estrutura da realidade que controlava o Nexus Depranon, causando uma alteração na magia que caiu em seu povo como a mais terrível enfermidade, enquanto alguns de seus agentes se introduziam na cidade sem serem vistos.

Desesperada enquanto trava de ajuda seu povo, Sylvia se encontrou com seu amigo, vagando ensanguentado pelas ruas em estado de choque. Sem entender muito bem o que se ocorria e enquanto tratava de lhe tirar dali, este murmurou que as barreiras que rodeavam a cidade eram as quais selavam as substâncias nocivas do nodo de magia. Ignorando o que ia se desencadear, abaixou os muros sobrenaturais da cidade, abrindo um acesso aos exércitos imperiais e eclesiásticos que esperavam no exterior. Imperium, sem poder atuar diretamente, havia preparado uma contramedida apropriada para a situação. Com o povo privado de seus poderes e de suas proteções, os assaltantes caíram sobre Sylvania acabando com tudo o que se encontrava em seu caminho.

Daquele modo, a capital que nem Rah nem Ghestalt Noah Orbatos puderam tomar, caiu em uma só noite de tragédia.

Tal como algumas centenas de Sylvain, tanto Nérelas quanto Sylvia sobreviveram ao Final dos Contos de Fadas, ainda que estes não tem muita clareza como o fizeram nem o que se passou exatamente durante as horas finais.

Alguns sobreviventes se uniram a Samael tratando de sobreviver, enquanto outros vagam simplesmente pelo mundo, tentando esconder sua verdadeira identidade do homem. Um pequeno grupo, integrado pelos mais poderosos, se converteram em Os Perdidos e se encontra a serviço de Nérelas.

As ruínas de Sylvania

Mesmo hoje, um século depois, os restos da qual anteriormente foi a capital de todas as nações élficas se mantém de pé, ainda que o que se pode encontrar é muito diferente do que contam as lendas. Antigamente, a cidade existia paralelamente na Vigília e no mundo real, e se estendia aos céus graças a milhares de castelos voadores e edifícios flutuantes, em uma imensa coluna de energia luminosa. Atualmente, o que resta dela se encontra no principado de Alberia, em meio de algumas imensas cataratas dos Montes da Luz. Já perdeu seu branco puro de anteriormente e a maioria de seus edifícios se encontram enegrecidos pelas cinzas dos corpos calcificados. Os palácios aéreos desapareceram sem deixar rastros e a vegetação a envolve completamente. A primeira vista, as ruínas seguem conservando o reflexo de sua glória passada, com suas charmosas cataratas, seus gloriosos picos e suas abóbadas douradas e prateadas. Apesar de tudo, delas expele um vago sentimento de melancolia, a sensação de não ser mais que um fragmento do que antes foi.

No entanto, os restos de Sylvania são muito mais que uma simples cidade em ruínas. Ainda que parece que esteja completamente desabitada, durante os Dias do Despertar toda a estrutura da realidade e o nodo de magia Nexus Nepranon se alteraram drasticamente, produzindo uma imensa ruptura entre o mundo e o fluxo de almas. Criaturas impossíveis tomaram forma no mundo neste lugar. Nunca haviam existido entidades como elas, aberrações que carecem de sentido e não respondem a regras senão as suas próprias. Agora dormem no interior das sombras dos vermes que se arrastam livremente pela cidade, ignorantes de sua própria condição (pode ser que inclusive de sua própria existência). Por isso, os ratos e outros bichos de Sylvania expelem uma estranha sensação de frio, e as vezes as leis da lógica não terminam de funcionar de todo corretamente quando estão próximo deles.

Supostamente, nas profundezas da cidade ainda subsistem os restos do antigo nodo de magia, cujas forças, ainda que enfraquecidas, seguem aumentando exponencialmente até recuperarem todo seu potencial. Apesar que resulta menos provável, existe inclusive a possibilidade de que ainda permaneça ali alguma das criações dos Deus do Despertar.


 
 
 

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