As Almas Perdidas

- Alma para o ser humano, ânima para a besta.

Mas todos dizemos: Benditas as ânimas do purgatório.

José Gneco Laborde.

"Eles estiveram aqui. Pisaram a mesma terra que a nossa. Respiraram o mesmo ar. E no final, tingiram nosso mundo com seu sangue.

Éramos muito parecidos, mas suas essências estavam ligadas ao sobrenatural de uma forma muito maior que as nossas. Como uma sombra, suas civilizações sumiram nas trevas e desapareceram por completo. Seus corpos sem vida foram cobertos pela terra e todas as suas obras se perderam como lágrimas na chuva.

O homem apagou todas as lembranças sobre sua existência. Erguemos nossa história destruindo aquilo que não era nosso. O tempo passou e estes seres ficaram convertidos em meros mitos e lendas, contos de bruxas que eram relatados ao redor de fogueiras,

Mas sem que nós soubéssemos, antes de desaparecerem, de sumirem no esquecimento, deixaram algo para trás...

Muito mais que seu legado. Muito mais que sua obra.

Eles haviam deixado para trás suas almas.

E assim nasceram os Nephilim."

O s N e p h i l i m

O homem não é a única raça inteligente que já povoou Gaïa. A mais de nove séculos atrás, haviam outros que compartilharam o mundo conosco. Eram seres sobrenaturais que tinham suas próprias civilizações e culturas, mas que desapareceram sem deixarem provas de sua existência. Nada pode dizer qual foi a causa de seu declínio. É possível que eles mesmos se destruiram ou pode ser que os humanos foram a origem de seu final. De qualquer modo, foram fadados a se converterem em apenas lendas. A grande maioria dos mitos do homem se baseia nas histórias dessas criaturas e do tempo em que compartilhamos o mundo juntos.

Mas sua morte não foi o fim. Por alguma causa desconhecida, suas almas não podiam chegar ao além e portanto ficaram seladas no nosso mundo enquanto aguardavam o momento para regressar. Suas raças estavam extintas. Sem um lugar para onde ir, esses espíritos começaram a reencarnar em corpos humanos, em crianças que deveriam ter nascido mortas e carentes de alma. Assim surgiram os mestiços, indivíduos com almas não humanas, dotadas de capacidades sobrenaturais. A própria Bíblia os chamou como Nephilim, os filhos dos homens e dos Anjos Caídos, que povoaram a terra, ignorantes de sua própria condição.

O sistema de Ânima se baseia principalmente em que os jogadores interpretem personagens humanos. A verdadeira essência do mundo de Gaïa se encontra em confrontar o sobrenatural como algo excepcional, sem perder em nenhum momento a humanidade. É muito mais satisfatório confrontar o desconhecido como um mero humano do que sendo do mesmo membro da raça mística que confronta. Mesmo assim, também é certo que se ver obrigado a interpretar sempre personagens humanos pode se tornar monótono, e jogar de vez em quando com algo diferente, místico, é uma carta na manga muito agradável. Se os jogadores decidirem, podem encarnar em um Nephilim: homens e mulheres dotados das características sobrenaturais de outras raças.

Os Nephilim são as almas de seres sobrenaturais reencarnadas em humanos. Não recordam de nada sobre sua anterior existência, ainda que sua essência mística lhes prende a isso, de maneira limitada, algumas das habilidades e poderes que tinham ainda existem em algum lugar neles. Todos eles tem estranhos sonhos ou pesadelos aonde vêem fragmentos de suas vidas anteriores, dos quais ficaram gravados com força em suas essências.

Existem diversos tipos de Nephilim. Como havia centenas de raças sobrenaturais na antigüidade, há muitas classes de Nephilim reencarnando em seres humanos. Cada etnia tem suas próprias características especiais e também suas desvantagens. Habitualmente estes poderes são meramente anímicos, mas em ocasiões influenciam em seus corpos lhes dando algumas características físicas excepcionais. Também as vezes a influência que suas almas exercem fazem com que os Nephilim de uma mesma raça tenham pautas de condutas similares. Em cada descrição se informa sobre seu compartamento habitual. Um jogador pode usar estas anotações para se ter uma ideia de como procede cada arquétipo, mas não tem que se ver obrigado a atuar desta maneira se não deseja.

O aprendizado é muito mais difícil para os Nephilim que para o resto dos seres humanos. Seus espíritos estão em constante luta entre o que aprendem e o que já sabiam, lhes causando um sério conflito. Por essa razão, sofrem redutores na experiência dada pelo Mestre de Jogo ao finalizar cada seção.

Não se sabe quantos Nephilim nasceram nem quantos ainda restam para nascer. A única segurança é que seu número cresce dia a dia, mas por isso cada vez restam menos almas esperando para renascer. Sua taxa de natalidade é ainda excepcionalmente baixa e só surge um para cada vinte mil seres humanos. Quando um Nephilim morre, seu espírito não ressurge como anteriormente. No momento no qual perece, regressa a essência de Gaïa e desaparece no rio da vida.

Nas seguintes seções veremos uma descrição das características de cada tipo de Nephilim e das vantagens e inconvenientes que possuem. A explicação se centraliza principalmente nas almas perdidas e não nas raças originais das quais provém. Essa informação está reservada ao Mestre de Jogo e se explica expressamente em seu Livro.