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Romance entre Personagens

  • animawikia
  • Jun 12, 2015
  • 8 min read

Um casal formado na guerra contra demônios

É fácil distinguir um veterano jogador de RPG para um novato, quando passamos a pensar em como nossos personagens agiriam e pensariam e paramos para pensar como nós mesmos, como nós, como jogadores, pensaríamos e agiríamos, assim podemos nos considerar veteranos, pois aprendemos o conceito básico do RPG. É basicamente assim que funciona, quando aprendemos a amar as criaturas que nossos personagens amam, e não porque nós mesmo amamos, quando odiamos aquele vilão não porque nós odiamos, mas porque nossos personagens odeiam.

Quando buscamos em jogo uma história e caminhos que nós mesmos, como jogadores, queremos, é sinal que ainda somos novos em mundos de fantasia, ou ainda não aprendemos nada, é sinal que ainda passamos por aquela fase do alter ego. Assim quando vamos nos apaixonando mais por nossos personagens, suas histórias, fluindo de forma natural e independente do nosso controle e desejo, passamos a nos desapegar em nós mesmos e nos apegamos a eles.

A cada dia somos habituados a moldar toda a caixa da razão do personagem: Eu queria uma espada mágica capaz de cortar aquela rocha, mas meu personagem não, ele prefere escalar a rocha e chegar do outro lado. E no fim, são nossos personagens os protagonistas da história, e não nós.

Mas é mais difícil do que parece, pelo menos enquanto novatos. Será que seremos capazes de deixar nosso personagem, nossa criação, tomar suas próprias decisões e agir por si mesmo como um ser vivo criado por nós, mas não espelhado em nós? Essa é uma questão poética que existe a muito tempo, desde que a própria bíblia foi escrita, quando Deus nos fez a sua imagem e semelhança e nos deu o livre arbítrio. Será que nós estamos prontos para dar o livre arbítrio aos nossos personagens? Quando iremos parar de impor a eles nossa vontade? Quando eles serão capazes de serem independentes e conhecerem o mundo fora de nossas asas?

Rinoa e Squall, um dos casais mais memoráveis dos RPGs

O romance entra na extensa lista de coisas que simplesmente não pensamos a respeito, que descartamos pelo fato de não ser "útil" para nós. Em nosso egoísmo, acreditamos que amar alguém é uma perda de tempo, que não fará o personagem mais forte, que não permitirá que ele derruba o vilão ou se torne um deus menor. Mas, e os desejos do próprio personagem? Ele é apenas um boneco criado para seguir nossas ordens? Ele não tem suas próprias emoções?

Nos tornamos tiranos ditadores, criamos nossos personagens como escravos subjugados a nós mesmos, tudo para saciar nosso próprio ego. Porque de repente parar de pensar em "Como eu seria como um personagem em um mundo de fantasia, que decisões tomaria?" e começar a pensar "Como um ser humano o qual eu secretamente vigio e guardo em um mundo de fantasia agiria e pensaria?", pode nos dar uma satisfação muito maior do que podemos prever, a sensação de dar vida a um ser pleno.

De repente pode ser complicado ver que nossos personagens estão diante a um romance se formando, e alguns rapidamente negam o fato porque ELES não sentem nada por determinado personagem, e é algo óbvio, nós, como jogadores, nos daríamos ao luxo de nos apaixonarmos por um personagem de alguém? Mas e o nosso personagem? Ele não sentiria nada ao entrar nas graças de alguém que lhe faz bem?

As melhores histórias do qual me recordo envolvia muita ação, muito drama, apreensão, suspense e fantasia, mas o nível de todos esses fatores jamais atingiria ao alto se não fosse o elo entre os personagens. Ver casais se formando diante uma guerra, o nascimento de uma criança que se torna um tipo de esperança para a humanidade, uma cerimônia de casamento em um mundo complicado... São apenas alguns dos exemplos do que poderia enriquecer e muito uma história. Infelizmente quando nada disso se ocorre entre os jogadores, vez ou outra pode acontecer entre os personagens do Mestre, e quase que inevitavelmente, eles acabarão roubando a cena.

As emoções de nossos personagens, seus conflitos, suas relações, é isso que torna uma aventura de RPG épica e duradoura, cheia de dramas e reviravoltas. E é quase um sacrilégio simplesmente não permitir que eles sigam com seus sentimentos mais primitivos.

O Romance Renascentista

Gaïa é um mundo mesclado entre várias cores, várias épocas e vários acontecimentos se formando, o mundo gira mesmo quando nós não estamos nele. Impérios são subjugados, casais de interesse político são formados, herdeiros nascem, guerras explodem, deuses ameaçam ressurgir formando seus pactos e toda a humanidade está a mercê do caos se instalando entre nós.

As nações mais prósperas do mundo atravessam pela era da renascença, quando a revolução industrial começa a dar seus primeiros passos e os nobres começam a perder o poder para os burgueses e para a classe trabalhista. As damas desfilam pelas festas usando longos e elegantes vestidos coloridos, e os cavalheiros bem trajados de terno e gravata as cortejam atraídos por seus belos olhos, classe social e cultura a ser compartilhada entre eles.

Nas zonas mais selvagens, casais de bárbaros são formados na neve após duros conflitos dos quais sua parceria se mostrou necessária para a sobrevivência de seu povo. E nas zonas mais medievais o mesmo se ocorre. Os romances são formados dependendo da importância que cada ser vivo tem para a existência, logo plebeus de um cortiço se apaixonam apenas para ter alguém a esquentar sua cama, os nobres para fortalecer seu nome, e os heróis para desencadear algo inesperado no futuro. Até mesmo os deuses se relacionam, fazendo crescer sua prole.

O motivo de romances serem formados são variados, dependendo do que cada personagem interpreta como algo que faz seu coração palpitar e seu corpo esquentar. Há mesmo casais que se formam por causa do frio, usando o calor humano como uma ferramenta para sobreviverem em duras estações.

Um casal de mercenários que oficializou sua união

Os diferentes tipos de Romance

Você então acaba se fazendo a pergunta inevitável: Como um romance é formado e por qual razão em mundos de fantasia? Basta pensar que sentimentos são coisas inevitáveis, que fazem parte da história do personagem, é tão inerente ao ser humano quanto sentir dor diante o frio corte de uma espada, é algo que se faz presente até mesclado a outros sentimentos confusos, como temor, respeito e até mesmo ódio.

• O Romance Platônico: É aquele que de repente surge entre duas pessoas em um grupo de aventureiros, no qual nenhum dos dois sabe exatamente como aconteceu, simplesmente sente algo a mais por seu companheiro de aventuras. Porém é um dos romances mais complicados, pois por algum motivo ele não pode ser consumado, e consumado se traduz aqui como vivido. Uma nobre prometida a um príncipe que em troca de sua mão assinará seu nome em um tratado de paz entre nações, porém a nobre é apaixonada pelo mercenário que a levou até o castelo, e o mercenário por ela, mas que sabe que desposa-la significará a continuação da guerra. Também pode ser duas pessoas que se amam secretamente a muito tempo sem que nenhum deles tome a iniciativa, e quando é chegado o momento disso eles se separam e nunca mais se encontram.

• O Romance de Interesses: É aquele onde as pessoas não se amam, não profundamente, mas que precisam firmar uma relação jurídica para atingir a certos interesses. Um casamento arranjado entre dois nobres que se odeiam, mas que posteriormente acabam se gostando até se formar em um romance real. Ou uma espiã que se envolve com um líder tirano que faz seu povo sofrer, mas que graças ao seu amor ele acaba mudando e se tornando uma pessoa melhor enquanto a espiã acaba se apaixonando sinceramente por ele.

• O Romance Avassalador: É um romance completamente incontrolável, fogoso e inconseqüente. É o caso do mercenário que ignora sua missão de entregar a nobre ao príncipe e a desposa, gerando assim a guerra. é o tipo de romance que não vê conseqüências, que geralmente desencadeia em algo desastroso, seja entre os demais companheiros, seja nas próprias relações mundiais.

• O Romance Poético: Semelhante ao platônico onde nada se concretiza, mas é um romance onde nenhum dos lados tem o interesse real em firmar qualquer compromisso ou laço, apenas algo muito forte em comum, como uma amizade mais forte do que o comum. São pessoas que absolutamente apreciam as mesmas coisas e dividem experiências semelhantes, seja formas de arte, guerra e interesses.

• O Romance Improvável: Uma bruxa cruel e impiedosa que sacrifica pessoas para o seu deus negro e o nobre cavaleiro campeão dos deuses enviado para mata-la e trazer sua cabeça. As ações da bruxa enfurecem o cavaleiro cada vez mais, enquanto o coração puro do cavaleiro enoja a bruxa e representa uma ameaça a ela. Entretanto por algo improvável se ocorre, eles se apaixonam perdidamente, mas ainda precisarão se matar algum dia. Podendo evoluir para um romance avassalador ou platônico.

Canalizando o Termo

O abençoado fruto de uma relação

Em seguida há a dúvida real sobre como um romance poderia ser vivido na prática em aventuras de RPG. Apesar de tudo ser muito lindo é necessário algo que seja concreto e que mesmo assim não tome as atenções das tramas que estejam sendo passadas. Basta se perguntar se uma troca de beijos entre dois personagens é algo necessário em uma masmorra lotada de mortos vivos e outros fatores. Também há o fator "paixão" e "amor".

A paixão se ocorre nos primeiros dias em que o casal se descobre, os sentimentos entre eles ainda estão florescendo, mas já floresceram o suficiente para explodir uma atração concretizada entre eles. Basta notar os casais recém formados e como eles se comportam naturalmente, trocas de beijos em lugares públicos, a vontade repentina e desesperada de se encontrarem secretamente, a incapacidade de se separarem fisicamente. Inicialmente um casal aproveita as vantagens de estar com alguém e ignora as desvantagens, suas conseqüências.

Entretanto quando o casal se encontra por vários dias, meses e até anos unidos sobre um único laço, a paixão esfria e fica em seu lugar o amor e o respeito para ocupar seu lugar. Começam os compromissos, as exigências, o que sua relação representa para eles e para as pessoas ao seu redor, e como as pessoas ao seu redor e os acontecimentos influenciam em sua relação. Não se vê mais todo aquele fator inconseqüente, proibido, de desafiar a sociedade com beijos públicos e de necessitarem estarem sempre perto um do outro.

Quando um romance inicia a ser formado, o ciúme é algo completamente natural, de querer saber onde ele ou ela se encontra, o que está fazendo, com quais pessoas. Porém quando há uma intimidade duradoura esse fator também dilui, há mais confiança, já permite seu amado ou amada viajar para uma nação longínqua para subjugar terras selvagens para seu povo enquanto você lida com as leis de sua nação e desata conflitos.

Um casal ligado por um destino

Usando qualquer linguagem informal, um casal se formando, principalmente um casal jovem, não parece ter muitas conseqüências, eles se abraçam e trocam poesias mesmo quando tudo ao seu redor parece desmoronar. No entanto quando eles se acostumam em ter alguém ao seu lado e em sua cama, há mais espaço para a razão, de correr atrás de qualquer tempo perdido em seus sonhos, objetivos e de suas necessidades secundárias, e também não há mais a necessidade de impressionar seu amado e alguns interesses se diferem. É por isso que chegado uma hora muitos casais brigam e rompem, tal como muitos traem, ainda que há centenas de exceções a regra.

Muitos casais antigos se mantém a base de um único interesse, como uma criança, uma posição social, o medo de ser mal visto pela sociedade, entre tantos outros. Enquanto há outros casais antigos que continuam revivendo a cada dia a paixão de seus primeiros dias, entre eles há os casais de aventureiros, que continuam levando vidas perigosas e vez ou outra se vendo ainda necessários um para o outro.

*Esse post foi escrito em homenagem ao dia dos namorados como um pequeno guia para os jogadores de RPG que desejam apimentar a relação dos personagens e torna-los mais humanos, assim enriquecendo suas histórias.


 
 
 

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