História do Novo Continente
- Ignatyus Arkadel
- Nov 5, 2016
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Um breve resumo da História
A história de Eurakia tem sido sem dúvida uma das mais convulsas de toda Gaïa, pois já passou por longos períodos de escuridão e descomunais conflitos. Curiosamente, todas estas sucessões, reconhecidas no que se costuma chamar a Era do Caos, ainda permanecem claras na memória de seu povo, ou pelo menos muito mais de como se recorda esse mesmo período no Velho Continente.
O certo é que não se sabe demasiadamente de como era Eurakia depois da Guerra da Escuridão, mas nenhuma força chegou a se assentar por demasiado tempo nos territórios; Balzaks, Sylvains, Duk' zarist e inclusive dragões antigos reinaram brevemente em algumas das terras do Novo Continente, mas não foi até o alçamento dos Vetala, faz aproximadamente uns três mil anos, quando a maior parte de Eurakia acabaria unificada sob uma força duradoura. Lamentavelmente esse poder seria Nyhakryenzarath, a Nação do Céu Sangrento, uma potência macabra que inclusive foi capaz de arrebatar dos céus o próprio sol. Quase três quartas partes do continente foram subjugadas e obrigadas a viver nas trevas, enquanto que nas terras colidantes, apesar de seguirem livres, não puderam fazer nada para evitar a "depredação" sistemática dos Vetala, que os usaram como "campos de cultivo" de seres vivos.
Durante dois mil anos Eurakia foi considerada praticamente como um território Vetala, e apesar das diferentes tentativas por parte das outras grandes potências para acabar com Nyhakryenzarath, não seria até que a Nação do Céu Sangrento entrasse em um conflito civil interno quando foi finalmente possível derrota-la. Naturalmente a destruição de semelhante império trouxe um enorme período de instabilidade e centenas de guerras menores estalaram entre os diferentes territórios. Os humanos, que haviam crescido consideravelmente em número durante o tempo em que serviram como escravos para Nyhakryenzarath, eram agora a raça mais numerosa e se estenderam por todas as partes.
Duzentos anos mais tarde com a chegada do Messias vários dos países mais estáveis de Eurakia se prepararam para a guerra contra os exércitos do Reino dos Céus, pois era clara sua pretensão em reclamar como parte das terras do homem o continente inteiro. No entanto, a morte de Abel as portas de Sólomon acabou com estes preparativos e Eurakia, tal como Varja, se converteu em uma das poucas zonas com predomínio humano completamente separada dos Reinos Santos. Infelizmente esta "desvinculação" não bastou para que o continente evitasse os aterrorizantes efeitos da Guerra de Deus. Mesmo que suas terras não foram gravemente assoladas pelo conflito direto (pois seguiam sendo demasiadamente organizadas como para apoiar plenamente um bando ou outro), o seriam com a ativação da Máquina de Rah e a consequente destruição do mundo conhecido. Alguns países como Elcia perderam repentinamente mais da metade de seus territórios, "engolidos" no nada sem aviso prévio, mas o maior golpe para todos foi o desaparecimento do sobrenatural. Dezenas de milhares de seres místicos morreram ou desapareceram, o que envolveu o continente no mais absoluto caos.
Para uma terra tão vinculada com seres mágicos, aquilo foi algo do qual dificilmente poderiam se recuperar.
As nações de Eurakia ainda seguiam em confusão quando um século depois o Sacro Santo Império de Abel começou a absorver o continente em sua estrutura política. Dado que salvo Elcia praticamente nenhum país estava verdadeiramente organizado, com a chegada das forças imperiais encabeçadas por Lázaro Giovanni, Eurakia apenas apresentou resistência. O futuro imperador começou assentando diferentes governos locais que acabassem com a instabilidade do território que se converteria em Manterra, e a partir dali, se estendeu paulatinamente pelo oeste e pelo sul.
Lázaro demonstrou ter uma grande sabedoria na hora de atravessar obstáculos sem derramar sangue, mas em seu caminho se encontrou com três grandes problemas. O primeiro e mais impressionante eram os ataques dos Jayân das estepes, ainda muito numerosos no continente e que se negavam se dirigir ao oeste como Lázaro exigiu. Ao mesmo tempo recebeu uma incomum solicitação da colônia Devah de Vithra; uma petição formal de adesão ao Sacro Santo Império (algo que o idealista futuro imperador considerava difícil negar pelo mero fato de não serem humanos). No entanto, o maior de todos os problemas radicava no Império de Elcia, uma verdadeira potência militar só comparável a Varja e que se opunha fortemente a Abel.
Não sem consideráveis problemas os Jayân foram derrotados e adiou a resposta a Vithra, mas pela primeira vez na história as tropas imperiais sofreram uma problemática derrota contra Elcia. Enquanto Lázaro reunia forças procedentes do Velho Continente para realizar um segundo ataque contra o sul, os habitantes de Vithra ativaram um sistema sobrenatural com o objetivo de recriar as forças mágicas de Eurakia. O processo falhou e o custo foi muito alto; mais de dois milhões de seres vivos morreram e uma pequena parte do continente se tornou inabitável. Consternado por não ter atuado mais drasticamente ante os Devah quando teve a oportunidade, Lázaro regressou a Eurakia e forçou violentamente a Elcia que aceitasse ser submisso como principado imperial.

Enquanto terminavam de unificar os últimos territórios, o trono iniciou um processo migratório massivo de colonos procedentes do Velho Continente. Oferecendo grandes ajudas econômicas, Abel conseguiu que muitos de seus habitantes cruzassem o oceano, o que com o tempo permitiria uma melhor união das duas culturas. O projeto foi um profundo êxito e em pouco mais de um século um terço de Eurakia estava perfeitamente integrado no Sacro Santo Império.
Se iniciou então o período conhecido como os Sete Séculos, um tempo de tranqüilidade atrapalhada apenas por duas rebeliões de Elcia, que foram mitigadas pelo quarto Senhor da Guerra. Entretanto, apesar de que aparentemente tudo marchava bem, o certo é que uma parte do continente nunca se abriu demasiadamente a Abel e o restante simplesmente se distanciou pouco a pouco do trono; no fundo, o controle imperial sobre Eurakia era meramente figurativo.
Esta situação se agravou ainda mais durante o reinado de Lascar Giovanni, quando avivou uma inimizade que havia entre certas nações do continente com Abel até um ponto que mesmo antes de sua morte, a maioria nem sequer se sentia remotamente ligada a Sacro Santa Coroa.
Naturalmente, Eurakia ignorou quase por completo a guerra iniciada pela arcebiscopisa Eljared e tudo o que aconteceu antes da ruptura do Império; as nações do Novo Continente observaram aquilo com a perspectiva que só o afastamento lhes podia salvar. Sua única decisão relevante foi a de unanimemente declarar sua independência a respeito do trono, pois era a melhor maneira de estar a margem da guerra que com toda probabilidade acabaria eclodindo entre Abel e a Aliança Azur.
Não obstante, não são poucos os problemas que o continente tem por si; guerras internas, intrigas de poder e uma imensa sombra se cerne sobre algumas terras, que pela primeira vez em setecentos anos, estão a ponto de mudar.
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